terça-feira, 28 de abril de 2009

Um poema pra pensar

PARMÊNIDES E O SER

Poema de Antonio Miranda

Penso, logo existo”. DESCARTES (1596-1650)

“Pois o mesmo é pensar e ser”. PARMÊNIDES (530-460 a.C.)


Não sei em que minha identidade

me assemelha ou me diferencia...

Só percebo as semelhanças

contrapondo as diferenças...

Pouco me importa as diferenças

que me separam dos outros...

O que importa são as diferenças

ao longo da própria existência?

Semelhanças e diferenças se fundem

e me confundem... Porque sou

o que não mais sou... Mas

nunca serei o que nunca fui...

Como bem disse Parmênides:

o nada não é”. E “não

conhecerás o não ser”

mesmo que os poetas o queiram.

Continuar sendo o que deixou de ser

pois o ser é “uno e contínuo”...

E continuaremos sendo

mesmo depois de sermos.

Na Natureza nada se extingue:

e não há princípio nem fim.

Se não viemos, tampouco

iremos a lugar algum...


NOTA: A poesia e a filosofia estavam irmanadas nas suas origens. Seria a poesofia. Um dos grandes mistérios de interpretação continua sendo o célebre poema Da Natureza, do pré-socrático Parmênides, que conhecemos pelos fragmentos que restam e pelas interpretações dos filósofos modernos. Por que não aproximar-se do poema pela poesia? A. M.

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