Os personagens de A Coleira de Bóris são anônimos porque não têm nome, não se sabe ao certo onde estão... mas tornam-se públicos, conhecidos de muitos qdo. os atores Nicolas Trevijano e Rafael Losso ocupam a cena num cenário simples, mas bem preenchido, misterioso. Um deseja ir embora, partir para outro lugar em que acredita estarem ainda lhe esperando... já o outro personagem, tomado de uma profunda melâncolia e de um humor nefasto, cínico diante da sua própria ausência de liberdade, não alimenta expectativas de que fora daquele lugar, exista algo que justifique sua vida, seu movimento.
Prisioneiros das suas histórias, enxergamos nesse ótimo espetáculo aquilo que cotidianamente nos cega - desistir de ir além-muro, além-mar... o medo do que a vida pode nos oferecer diante do inesperado.
O texto é de Sergio Roveri , dramaturgo com o prêmio Shell nas costas, (pela peça "Asas sobre Nós") e a direção é de Marco Antonio Rodrigues. A produção da peça ficou aos cuidados de Rafa Penteado - nervosa no ritmo, companheira até pra puxar pedra. Sim, haviam pedras no caminho e no cenário. Encontramos o objeto de cena entre obras e paralelepídeos soltos do Largo da Ordem, aqui em Curitiba. Nessas horas de montagem de um espetáculo, eu gostaria de estar com uma câmera fotográfica, marcando todos tempos de uma produção cultural - inclusive encontrar pedras no caminho para A Coleira de Bóris.
O que mais me encantou em "A coleira de Bóris" foi o vigor e a tensão postas por conta dos ótimos atores em cena, que também são gatos descolados e bem descomplicados na hora de montar o cenário pequeno, simples, mas bem ocupado. De fato, concluo que o bom teatro só precisa mesmo é do bons textos e grandes atores. O resto é perfumaria!
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