quinta-feira, 30 de julho de 2009

aborto - assunto sempre polêmico

Sempre é necessário retornar ao temas guardados nas gavetas da moralidade e dos valores que estabelecemos como modo de vida. O aborto é o último recurso usado pelas mulheres quando não desejam tornarem-se mães e infelizmente continua sendo ilegal no Brasil. É compreensível que tenhamos resistências para a sua aprovação, afinal trata-se de um tema que envolve ética, valores morais, religiosos, sexualidade, direitos, emoções. Todos estes aspectos são possíveis de serem discutidos, questionados, revalidados ou revistos. Mas o que é incompreensível é a ignorância, o ódio e agressão que as mulheres que decidem-se pelo aborto em suas vidas, encaram quando conseguem tornam pública sua decisão.

No Brasil, várias organizações fazem projeções assustadoras acerca da mortalidade entre as mulheres vítimas do aborto clandestino, em especial as mulheres negras e pobres. Claro, afinal quem tem recursos pode ir a uma clínica, repousar, comprar medicamentos...
Nenhuma mulher aborta por gosto, prazer ou desprendimento de algum valor ético, moral ou religioso - todas essas questões vêm à tona somados ao silêncio obrigatório, ao medo e a vergonha...
Parece ser natural que toda mulher, se engravidar, deve ser mãe. Mas a mesma cobrança não se faz para os homens - eles sempre puderam sair ilesos dessa responsabilidade - talvez porque a mudança na vida, no corpo não lhes aconteça. - afinal não são eles que engravidam não é mesmo?! Conheço milhares de histórias onde homens abandonam família, filhos e pouco vejo de cobranças contra os mesmos acerca desta sua atitude.

Todo mundo se acha no direito de julgar, condenar e acusar as mulheres que fazem aborto - inclusive aquelas que ainda são meninas. O caso recente em Pernambuco, de uma garota 9 anos vítima de estupro dentro de casa que foi excomungada, assim como os médicos e todas as pessoas envolvidas na interrupção dessa gravidez, por Dom José Cardoso Sobrinho, retratam bem o nível de desconhecimento e de ignorância ao tratar de um questão tão delicada.
Ser favorável ao aborto, não significa enxergar tal recurso com método contraceptivo, não significa desconhecer a necessidade de orientação e educação sexual, não significa desamor à vida ou descrédito à fé...
Nenhuma mulher deveria ser impedida de tornar-se mãe, mas nenhuma mulher deveria tbém. ser obrigada a ser mãe. Gravidez deve ser motivo de alegria e não de aflição, de desespero ou vergonha.
Desatar os nós nessa discussão, desfazer-se de pré-julgamentos e abrir a caixa do silêncio que tanto impera é urgente e necessário para quem está na busca de um cultura mais justa, mais solidária, mais honesta com a realidade e com o mundo que estamos fazendo pra bem viver.
Dois materiais em vídeo no Brasil retratam tal possibilidade e abrem a caixa de polêmicas para que se possa pensar de forma diferente acerca da legalização do aborto no Brasil. O primeiro é uma campanha adotada pelo Instituto Ressoar, ligado a Rede Record de Televisão que assume de forma bastante honesta e ousada que o aborto é um assunto que cabe às mulheres decidirem.




O outro é o documentário vencedor do Concurso Fiocruz Vídeo que chama-se "Fim do Silêncio", e traz pela primeira vez, mulheres de várias idades, de três regiões do país, que falam abertamente como e porquê fizeram aborto. A direção é de Thereza Jessouroun.
Assistam porque sempre ajuda a refazer as idéias que julgamos tão prontas, tão certas a tod@s...




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