Carmen passou novamente por Curitiba. Veio com uma energia que movimentou grande platéia, enfrentando até mesmo um certo pânico instalado pelo vírus da gripe A (H1N1). A estréia da Ópera Carmen, sob a direção de Walter Neiva para 13 de agosto no Teatro Guaira parecia mesmo meio arriscada, agosto - mês de cachorro louco e gripe suína, o dia 13 tbém. guarda lá seus azares... ao menos é o que dizem por aí. Pairava nos bastidores um ruminar constante de que essa estréia poderia vir a ser cancelada por conta dessa tal gripe suína. Mas toda a gente envolvida no fazer esse espetáculo decidiu alimentar os ensaios de bom astral, de ritmo alegre, de cuidados e muitos palpites para o figurino & make, apostando assim que a arte também é desfazedora de pânicos.
Longos são os corredores & bastidores do grande Guaíra,
mas um grande espetáculo exige energia quilométrica!
mas um grande espetáculo exige energia quilométrica!
Tanta gente falando ao mesmo tempo, comandos por todos os lugares, um povo comilão e barulhento, com linguagens diferentes, com idades de todos os tempos e autoridades distintas para acertar uma Ópera como Carmen por 4 dias. Deu certo. Carmen têm mesmo um espírito ousado, que chega com muita graça e riso. Toma conta da vontade, transgride regras com um jeito todo sedutor. As mulheres ganham flores no cabelo e deslizam olhares maliciosos, atrevidos... os homens se mostram aos risos, são alvissareiros da coragem! rs A orquestra é quem instiga o ritmo dessa grande festa. Os sons de Carmen são conhecidos dos nossos ouvidos, brincam com nossos pés. Bailarin@s encantadores nos provocam e as vozes tão distintas e pessoais, se comungam em coro para Carmen se exibir. E morrer é verdade...Mas sua morte não aflora só um sentimento de dor. Carmen tem força, personalidade e até na hora do morte, não perde seu poder. Mostra o último fio de integridade, de mulher livre. Nos camarins fazemos quadradinhos de papel alumínio para enrolar os cabelos de Alessia, distribuímos muitos alfinetes para as saias que precisam oferecer as belas pernas das cigarreiras. Ajustar calças para os meninos-Curumim, água no corredor, copos e comidinhas para todo elenco, bandeirolas que somem entre tantas crianças. Botões, zíperes e algumas bijouterias que se rebelam nas meninas. Explique a um@ adolescente que criança pobre no séc. XIX não pintava as unhas de vermelho Monange, não usava anéis, nem tinha celular no bolso??? Revista geral no Coral Infantil todos os dias!!! Tarefa chata de produção viu... rs Como não ficar nervosa vendo mulheres que frequentavam a taberna Lilas Pastia, para beber e divertir ciganos & contabandistas encobertas em xales??? Simples, esconde-se os xales noutro camarim. E as mulheres ficaram mais atrevidas! rs. Pequenos detalhes que os olhos de uma produção atenta precisa sempre observar antes de tudo cair em cena.
Carmen chega rindo, encantando a tod@s - toureiros ou não. Os figurinos são muitos, as mesas e os ferros de passar toda essa roupa, apenas dois. Mas seu encantamento é tanto que parece deliszar as mãos aceleradas das camareiras e tudo fica pronto a tempo. Áldice - figurinista de toda essa tropa em estilo zen, organiza e bate olho preciso em tudo.
Mozart - o visagista, apostou em uma equipe nova na maquiagem e nos cabelos e todo mundo se deu bem! As filas de maquiagem serviam tbém. como tempo de recreio. Os maestros, cada um a cuidar da sua tropa - sincronizam vozes e orquestra. Abre-se as cortinas e as 3 horas voam entre papéis picados, aplausos e muita alegria. Carmen entra em cena, e mais nada pode retirar seu brilho e a beleza desse grande espetáulo. Que bom que estive por lá. Vida longa às produções de Ópera! Vida longa ao espírito ousado e atrevido de Carmen nos palcos!
As fotos aqui: (1) Luciana Bueno é Carmen. (2) Flores & Ensaios, (4) Áldice e Paolo nos camarins são de Daniel Sorrentino. (3) Mozart Machado na passarela da estréia é da Rosanair (5), essa moça sorridente de óculos, do Coral de Vozes que me clicou na correria dos camarins e eu roubei do seu álbum. rs
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