terça-feira, 7 de julho de 2009

Mulheres no Cinema - um retrato cotidiano

Não tenham dúvidas, as mulheres têm impressionado com novos ritmos e diferentes olhares quando se apropriam do fazer cinema! Por isso podemos esperar boas histórias por aí como o filme "La teta asustada" (O Leite da Amargura) dirigido por Claudia Llosa que levou em fevereiro último no Festival de Berlim, o Urso de Ouro e abriu as salas de cinema do 4º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.

O filme conta a história de mulheres que sofreram violência sexual durante a guerra civil que assolou o Peru na década de 80. Ganhou esse nome por conta de uma crença andina de que a tristeza desse trauma infecta o leite materno e essa emoção será então transmitida às crianças.... E essa lenda tem lá seu fundo de razão, pois têm sido exaustivamente investigada por vários cientistas, sobre diferentes cenários de violência política.

Após revisar estudo e pesquisa com diversas populações do mundo vítimas de estupro durante conflitos armados, uma equipe de investigadores, encabeçada pela psiquiatra argentina Diana Kordon, concluiu que "la situación traumática incide tanto en las personas que la sufren directamente, como sobre el cuerpo social en su conjunto". Tais acontecimentos podem inclusive impactar sobre varias gerações...Tomara que o filme tome logo as salas de cinema.



Outro filme que merece ser visto chama-se "Tapologo" das espanholas Gabriela e Sally Gutiérrez Dewar. Um documentário onde se detalha os solidários esforços de uma rede de mulheres infectadas pela aids na África do Sul, em tornarem-se enfermeiras nas suas comunidades, transformando a miséria e a degradação em resistência e otimismo.


As diretoras buscaram uma linguagem audiovisual que permitiu entrar na vida cotidiana dessas mulheres que integram a Rede Tapologo (que significa um lugar para descansar), contextualizando a situação de um grande número de mulheres negras na África do Sul. Vale lembrar que na África a doutrina da Igreja Católica sobre o uso de preservativos tem produzido efeitos mortais e devastadores.


Aqui pelo Brasil, merece ser visto o documentário premiado com menção honrosa no Festival "É tudo verdade/2008" chamado "O aborto dos Outros". Direção de Carla Gallo pra uma história que percorre a maternidade, desnuda a intolerância e a solidão. A narrativa percorre situações de abortos realizados em hospitais públicos e clandestinos... O filme mostra os efeitos perversos da criminalização para as mulheres e aponta a necessidade de revisão da lei brasileira.

Muitas são as histórias contadas em grande tela das mulheres. Porém, poucas retratam a crueza, a maldade defrontada dia-a-dia por conta do ser feminino pelo mundo. Estes filmes significam novos olhares sobre o imaginário do mundo feminino em tempos contemporâneos tão bárbaros ainda.




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